8.8.14

SOBRE A IGNORÂNCIA


Quisera saber das horas sem as angústias do devir.
N’outros tempos, bastariam-me os sonhos!  Aqueles, os pré destinados.
Rotas já escritas, caminhos outrora traçados,
Todos eles pueris ou em anseios fundamentados.
Contos de fadas ou contos mal contados?
O percurso adoçado pela névoa da inocência,
Ou seria quintessência?

Mas o tempo, senhor dos aprendizados, tem por obra distinguir
Quimeras do que foi concretizado.
Traz a tona medos antigos, açula fraquezas por outro lado,
Faz dos dias um relógio aflito, faz de nós um guerreiro cansado.
Onde moram aquelas certezas? Onde repousa o espírito conformado?
Hei de reescrever a rota com o ônus da experiência,
 Inexiste manual, subsiste a existência.

São outros os tempos, são outros os que estão por vir.
São outros os anos, um novo fluir.
Sabático. Quisera, no fundo, a ignorância de um futuro previamente esboçado,
Mas a nova idade não deixa, há novos rumos, novos trajetos a serem forjados.

(Elora Rafaela)

Post Scriptum:Sonhe.Sempre


19.2.10

Sobre as estrelas


Se carece das estrelas, tão lindas, distantes no céu.
Olha bem perto, cá ao chão! há um mar delas bem perto de ti.


(Elora Rafaela)

Post Scriptum:
Sonhe.Sempre

Das resoluções


Um ponto e vírgula mal resolvido requer um ponto que seja final.
Afinal.


(Elora Rafaela)

Post Scriptum:
Sonhe.Sempre

6.4.09

De tudo o que se desejou



Trouxe consigo cor e ação.
Coração.

Predestinado desde então.

As mãos que acolhem
Os sonhos que tem.
Descobre e recolhe, apossa-se e faz bem.

É de doce, um doce que é.

Com flores em punho e olhos de fé,
Rompendo cercas e idéias até,
Um homem bom. Um bom homem que é.

(Elora Rafaela)



Post Scriptum:
Sonhe.Sempre



23.10.08

DE TUDO O QUE COMPLETA



E quando ao teu encontro, arrepio.
Arfante o peito de por sobre o teu, repousar.
Entrelaçada tua palma em minha mão,
Tua boca, e minha oração.

Parte de mim que não se encerra,
Apetite que devora sem se consumir.
Teu é o toque, minha é a unção,
Teu é o olhar, e minha, a rendição.


Parte minha, ora desencontrada
Dos dias de antes, que não mais serão.
Parte minha, hoje, encontrada
Dos dias sempre plenos que ainda virão.


(Elora Rafaela)




Post Scriptum:
Sonhe.Sempre




12.5.08

DO ESQUECIMENTO



Não rasgo poemas na tentativa de esquecer histórias.

Histórias rasgo, em poemas, na tentativa de não as esquecer.




(Elora Rafaela)





Post Scriptum:
Sonhe.Sempre


crédito: imagem por Josephine Wall

1.5.08

DE TUDO O QUE SE CALA


Tudo que é meu, sangra.

Lembrança não curada das horas,

Antes infindas,

Hoje partidas.



Tudo que é meu, grita.

Reverbera no silêncio de um cômodo escondido, e só.



De tudo o que se perdeu.



De tudo que nunca

Será meu.



(Elora Rafaela)





Post Scriptum:
Sonhe.Sempre


14.3.08

14 de março



Poesia, sou seu texto!

E nessa valsa, no contexto,

sou pretexto pra voar...



(Elora Rafaela)




Post Scriptum:
Sonhe.Sempre


6.2.08

Do que se finda


História percorrida por minhas veias,
Parte de mim forjada da solidão.

Amor dileto de todos os que não tive,
Dentre todos os que, em vão, sonhei conhecer.

Amor poesia
Na vida, minha ufania
Transmutada em desejo, a minha perdição.

Parte que em mim se encerra,
Das horas que não foram e que nunca serão,
Liberto-me, eis minha alforria!
Da secreta entrega que nunca saberão.


(Elora Rafaela)


Post Scriptum:
Sonhe.Sempre




27.11.07

CÍCLICA




Os dias que para outros se passam, nunca os percebi.
São outros os tempos que me traçam, aos quais então sobrevivi.
Repetem-se aos meus olhos, dejá vu , posso argüir...
Assustam. Predeterminam. Viciam o intuir.

Nascendo como quem se deixa vir,
Que se permite, num só momento, de todo pleno existir...
E em segundos já está por desistir
Ocultando no caos, anseios, à espera do porvir...

Nas linhas, na vida, em ciclos me descobri,
Nos perenes, os sonhos, pus-me a avir,
Assim, feita eu em fagulhas a espargir...

Sou cor quando a luz em dia, deixo refletir.
Sou noite, esmaecimento, resultado do puir.
Sou sensação, rendição, liberdade ao sentir.


(Elora Rafaela)




Post Scriptum:
Sonhe.Sempre



crédito: imagem por Josephine Wall




18.10.07

Ao Antigo, Amor



Quando distante a razão desfaz-me em tua,
Filhos da rua, insana - a rendição
Ali, em compasso ritmado, nos vejo
Num cortejo desvairado da recordação.

Revive-se a cadência da paixão crua,
Almas nuas, unos sem intenção,
Já nem sei qual era o sossego
Hoje almejo consumir-me n’ tua oração.

Nestes braços meu amor, desjejua...
Corpo feito constelação
Desejo afoito. Não mais recua.

Teu olhar, o meu, perturba,
Passa o tempo, os sonhos não,
O nada em mim te recusa.
Redesperta da fagulha, a antiga explosão.
(Elora Rafaela)



Post Scriptum:
Sonhe.Sempre


31.7.07

Sobre as palavras vagas



Desprendeu-se de mim.

Assim.



Ganhou asas esculpidas de nada.
E do nada se fez palavra.
Afoita. Sem alma.


O significado ausente a garganta afaga.
Palavra inexata. Em mim naufraga.
Devora o céu de minha boca – gosto de coisa alguma. Regurgito.
Atiro ao infinito. Suprema falta. Falta sentido.



Em queda livre, as palavras



Liberto.





(Elora Rafaela)






Post Scriptum:
Sonhe.Sempre






12.6.07

12 de junho

●๋•Ao, ainda, desconhecido:








Só pra você saber, estou aqui.

E até que chegue o dia, a hora e teu olhar,

Espero. Vestida de tua espera, reescrita em tua poesia, desperta,

Tecendo em tua ausência, tua desconhecida ciência,

aquela que meus sonhos, constantemente,

regenera.


(Elora Rafaela)






:.:.Ao som de : Amor, meu grande amor
(Composição: Angela Ro Ro e Ana Terra - na voz de: Barão Vermelho)









Post Scriptum:
Sonhe.Sempre









24.5.07

Alforria




Vestiu-se de tudo aquilo que alimentara durante anos.
De adorno a mais, somente o brilho dos olhos, inevitavelmente cintilantes - reflexo diverso daqueles outros, d’outros tempos d’água.
Suspirou fortemente, como que para romper com a censura daquele silêncio há tanto tempo proclamado.
Admirou-se, mais uma vez, de tudo o que via.
Mais ainda do que sentia.
Reconhecia-se, finalmente, ela – e só.
E aquela, a liberdade por tanto tempo apenas sonhada, agora, tomava-lhe em explosões.
Invadia-lhe.
Profundamente.
Percorria-lhe as veias rompendo histórias,
Inaugurando horizontes,
Redescobrindo naquele, outros suspiros.
Julgava-se, enfim, inocente de suas horas
Restaurava em si a desconhecida que, agora,
Não mais estava disposta em deixar, no tempo, se perder.



(Elora Rafaela)





Post Scriptum:
Sonhe.Sempre





20.5.07

Panapaná


Em sinuosa desarmonia


Dançam as borboletas.





Asas e cores.




Leveza e dessincronia, nessa agonia


brincam em rodízio,

do estômago


ao céu.







Recriam flores,

despertam rubores...




Rodopiam ansiosas, as borboletas.



Milhares delas.
Dentro de mim.


(Elora Rafaela)





Post Scriptum:
Sonhe.Sempre



18.5.07

Ad eternum




Guardavam dentro de si a certeza de um reencontro.
O tempo era outro. A razão, talvez, outras razões seguisse.
Eram crianças naquela estória só há tão pouco nascida.
Eram nuvens que tão facilmente dissipavam-se, bastasse um arremedo de sol...
O silêncio do que não se esperava, eles eram.

Desejavam-se.


Haviam secretamente escolhido aquele compromisso,
De afeto e de estrelas,
De ouro e de sonhos,
De amor em oblação.

Amaram-se. Bem mais que o tempo e as palavras acordadas.


A delicadeza da eterna espera, viveram.

(Elora Rafaela)

Post Scriptum:
Sonhe.Sempre



8.5.07

De Tudo o que se Perde

Por tanto tempo alimentou-se de saudade. E só.
À ela bastava a lembrança de um tempo bom. Embora à noite, a culpa pelo fim lhe rondasse, como que para privá-la dos carinhos dos sonhos que desejava ter...
Desde há muito não recebia notícias. Não fugia delas, é bem verdade, mas aquela falta de sinais dotavam-lhe do que, julgava, ser a superação de tudo o que havia ocorrido.
Pensava haver inaugurado um novo tempo em sua vida. Tinha certeza disso até aquele telefonema: uma frase solta no meio de várias, e em nada prestou mais atenção; seu coração saltara descompassado. Uma notícia que não esperava. Seu passado lhe voltava em tormentas internas - uma chaga aberta no meio do peito. E o estômago lotado de borboletas em carrossel. Será?
Depois de tantos anos seria possível? Pensava ainda se poderia consertar tudo o que fizera, se poderia esquecer tudo o que escutara. Se havia uma chance, pensava ela, poderia tentar?
Não sabia o que era maior, se a euforia pela possibilidade de mais uma vez arriscar ou - ao avesso de si - a frustração de perceber que não mudara em nada tudo aquilo que um dia sentiu; sentia-se enganada por si, e não tinha bem certeza se não gostava disso.
Achou-se louca por construir tantos castelos em superfície tão frágil – sequer tinha o direito de conjecturar! Então continha-se. Por um segundo. E depois, voltava às torres a levantar...
Alguns outros segundos e, estava decidida, ia se posicionar. Estava certa de que sua hora era aquela, finalmente, e agradecia à Deus pelo que aprendera, apesar de tudo.
Um minuto depois já havia desistido; e, no minuto seguinte, retomado à estratégia n’outrora traçada.
Fez-se de minutos.
Desfez-se em cada um deles...
Foi quando o celular tocou e o nome não esperado, ou melhor, mais que esperado, revelou-se na tela.
Era ele.
Pensou em tudo e em nada. Nada sabia do que dizer.
Pensou ainda em não atender, mas não se perdoaria. Todo aquele tempo de espera e de noites mal dormidas resolver-se-ia ali, ou pelo menos, seria o primeiro passo.
Sentiu a boca seca, a mão inerte, o corpo entorpecido: era hora, não podia esperar, até que...

Acordou.

Outra noite, em que desejos e expectativas a torturaram...

Outro sonho que, como a realidade – evanescente - ensaiava suas horas no mesmo lugar.



(Elora Rafaela)




Post Scriptum:
Sonhe.Sempre


6.5.07

Das Cinzas




E naquele instante desprendiam-se as mãos, as horas, o tudo.


O nada havia.


Inerte, eu consentia.


Incomodava-me de mim, ali, observando
sem saber qual sonho, agora escudo,
seria preciso, das cinzas, soerguer.

O caminho não mais existia ou, se existia, conduzia a lugar nenhum.
Parte de mim perdia o que um dia quisera, e o resto, o que eu ainda era,
desejava, ainda, se perder.



(Elora Rafaela)



Post Scriptum:
Sonhe.Sempre

Do sentir





A que sente, pressente.


Amálgama de sensações, desejos, emoções:


Humana.


Artista de contos não representados.


Imperfeita. Constantemente desfeita...


Rarefeita.




(Elora Rafaela)



Post Scriptum:
Sonhe.Sempre




Sobre as Cartas (em drops)





Das cartas que fez, guarda ainda a entonação


Feito canção, repete as notas do que se foi:


até que se acerte o refrão, ou


das palavras não ditas, se o reinvente.



(Elora Rafaela)




Post Scriptum:
Sonhe.Sempre








25.4.07

Exercício I – Das Nuvens

●๋• Lembrança de uma infância que já não se vive mais...







Permita-se, um dia, colher algodão na plantação.


São pedaços de nuvens em caixinhas,


Brancos brincos na caatinga,


Densa trama em capulho, suaviza e recria


Em moldura quimérica, a alma do sertão.


(Elora Rafaela)





Post Scriptum:
Sonhe.Sempre


22.4.07

Do Sentido





Creia. Ainda que não possa ver.




Sentir é o exercício da imaginação...


É acreditar em dobro, correr o risco, criar asas...










e saltar...









e voar...









Sentir é buscar sentido.




(Elora Rafaela)




Post Scriptum:
Sonhe.Sempre



Prefácio





Lidar com o desconhecido. Construir castelos sobre o que não se sabe.

O reflexo do desejo pelo que sequer sei,

Uma entrega ao desconhecido,

Um novo começo...



(Elora Rafaela)



Post Scriptum:
Sonhe.Sempre








19.4.07

Novo Lar



O que um dia foi cintilância, hoje, é utopia...

Entre e fique à vontade... a casa não é sua, mas o sonho, é todo seu...





Post Scriptum:
Sonhe. Sempre