De Tudo o que se Perde
Por tanto tempo alimentou-se de saudade. E só.
À ela bastava a lembrança de um tempo bom. Embora à noite, a culpa pelo fim lhe rondasse, como que para privá-la dos carinhos dos sonhos que desejava ter...
Desde há muito não recebia notícias. Não fugia delas, é bem verdade, mas aquela falta de sinais dotavam-lhe do que, julgava, ser a superação de tudo o que havia ocorrido.
Pensava haver inaugurado um novo tempo em sua vida. Tinha certeza disso até aquele telefonema: uma frase solta no meio de várias, e em nada prestou mais atenção; seu coração saltara descompassado. Uma notícia que não esperava. Seu passado lhe voltava em tormentas internas - uma chaga aberta no meio do peito. E o estômago lotado de borboletas em carrossel. Será?
Depois de tantos anos seria possível? Pensava ainda se poderia consertar tudo o que fizera, se poderia esquecer tudo o que escutara. Se havia uma chance, pensava ela, poderia tentar?
Não sabia o que era maior, se a euforia pela possibilidade de mais uma vez arriscar ou - ao avesso de si - a frustração de perceber que não mudara em nada tudo aquilo que um dia sentiu; sentia-se enganada por si, e não tinha bem certeza se não gostava disso.
Achou-se louca por construir tantos castelos em superfície tão frágil – sequer tinha o direito de conjecturar! Então continha-se. Por um segundo. E depois, voltava às torres a levantar...
Alguns outros segundos e, estava decidida, ia se posicionar. Estava certa de que sua hora era aquela, finalmente, e agradecia à Deus pelo que aprendera, apesar de tudo.
Um minuto depois já havia desistido; e, no minuto seguinte, retomado à estratégia n’outrora traçada.
Fez-se de minutos.
Desfez-se em cada um deles...
Foi quando o celular tocou e o nome não esperado, ou melhor, mais que esperado, revelou-se na tela.
Era ele.
Pensou em tudo e em nada. Nada sabia do que dizer.
Pensou ainda em não atender, mas não se perdoaria. Todo aquele tempo de espera e de noites mal dormidas resolver-se-ia ali, ou pelo menos, seria o primeiro passo.
Sentiu a boca seca, a mão inerte, o corpo entorpecido: era hora, não podia esperar, até que...
Acordou.
Outra noite, em que desejos e expectativas a torturaram...
À ela bastava a lembrança de um tempo bom. Embora à noite, a culpa pelo fim lhe rondasse, como que para privá-la dos carinhos dos sonhos que desejava ter...
Desde há muito não recebia notícias. Não fugia delas, é bem verdade, mas aquela falta de sinais dotavam-lhe do que, julgava, ser a superação de tudo o que havia ocorrido.
Pensava haver inaugurado um novo tempo em sua vida. Tinha certeza disso até aquele telefonema: uma frase solta no meio de várias, e em nada prestou mais atenção; seu coração saltara descompassado. Uma notícia que não esperava. Seu passado lhe voltava em tormentas internas - uma chaga aberta no meio do peito. E o estômago lotado de borboletas em carrossel. Será?
Depois de tantos anos seria possível? Pensava ainda se poderia consertar tudo o que fizera, se poderia esquecer tudo o que escutara. Se havia uma chance, pensava ela, poderia tentar?
Não sabia o que era maior, se a euforia pela possibilidade de mais uma vez arriscar ou - ao avesso de si - a frustração de perceber que não mudara em nada tudo aquilo que um dia sentiu; sentia-se enganada por si, e não tinha bem certeza se não gostava disso.
Achou-se louca por construir tantos castelos em superfície tão frágil – sequer tinha o direito de conjecturar! Então continha-se. Por um segundo. E depois, voltava às torres a levantar...
Alguns outros segundos e, estava decidida, ia se posicionar. Estava certa de que sua hora era aquela, finalmente, e agradecia à Deus pelo que aprendera, apesar de tudo.
Um minuto depois já havia desistido; e, no minuto seguinte, retomado à estratégia n’outrora traçada.
Fez-se de minutos.
Desfez-se em cada um deles...
Foi quando o celular tocou e o nome não esperado, ou melhor, mais que esperado, revelou-se na tela.
Era ele.
Pensou em tudo e em nada. Nada sabia do que dizer.
Pensou ainda em não atender, mas não se perdoaria. Todo aquele tempo de espera e de noites mal dormidas resolver-se-ia ali, ou pelo menos, seria o primeiro passo.
Sentiu a boca seca, a mão inerte, o corpo entorpecido: era hora, não podia esperar, até que...
Acordou.
Outra noite, em que desejos e expectativas a torturaram...
Outro sonho que, como a realidade – evanescente - ensaiava suas horas no mesmo lugar.
(Elora Rafaela)
Post Scriptum:
Sonhe.Sempre
Sonhe.Sempre
2 comentários:
Sonho sempre que venho por aqui...
Elora,
teu texto, belo, direto, redondo, encanta!
abraços, flores, estrelas..
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