27.11.07
Os dias que para outros se passam, nunca os percebi.
São outros os tempos que me traçam, aos quais então sobrevivi.
Repetem-se aos meus olhos, dejá vu , posso argüir...
Assustam. Predeterminam. Viciam o intuir.
Nascendo como quem se deixa vir,
Que se permite, num só momento, de todo pleno existir...
E em segundos já está por desistir
Ocultando no caos, anseios, à espera do porvir...
Nas linhas, na vida, em ciclos me descobri,
Nos perenes, os sonhos, pus-me a avir,
Assim, feita eu em fagulhas a espargir...
Sou cor quando a luz em dia, deixo refletir.
Sou noite, esmaecimento, resultado do puir.
Sou sensação, rendição, liberdade ao sentir.
(Elora Rafaela)
Post Scriptum:
Sonhe.Sempre
crédito: imagem por Josephine Wall
18.10.07
Ao Antigo, Amor
Quando distante a razão desfaz-me em tua,
Filhos da rua, insana - a rendição
Ali, em compasso ritmado, nos vejo
Num cortejo desvairado da recordação.
Revive-se a cadência da paixão crua,
Almas nuas, unos sem intenção,
Já nem sei qual era o sossego
Hoje almejo consumir-me n’ tua oração.
Nestes braços meu amor, desjejua...
Corpo feito constelação
Desejo afoito. Não mais recua.
Teu olhar, o meu, perturba,
Passa o tempo, os sonhos não,
O nada em mim te recusa.
Redesperta da fagulha, a antiga explosão.
Filhos da rua, insana - a rendição
Ali, em compasso ritmado, nos vejo
Num cortejo desvairado da recordação.
Revive-se a cadência da paixão crua,
Almas nuas, unos sem intenção,
Já nem sei qual era o sossego
Hoje almejo consumir-me n’ tua oração.
Nestes braços meu amor, desjejua...
Corpo feito constelação
Desejo afoito. Não mais recua.
Teu olhar, o meu, perturba,
Passa o tempo, os sonhos não,
O nada em mim te recusa.
Redesperta da fagulha, a antiga explosão.
(Elora Rafaela)
Post Scriptum:
Sonhe.Sempre
Sonhe.Sempre
Imaginado por ॐ Elora Rafaela ॐ 0 sonhando...
31.7.07
Sobre as palavras vagas
Desprendeu-se de mim.
Assim.
Assim.
Ganhou asas esculpidas de nada.
E do nada se fez palavra.
Afoita. Sem alma.
O significado ausente a garganta afaga.
Palavra inexata. Em mim naufraga.
Devora o céu de minha boca – gosto de coisa alguma. Regurgito.
Atiro ao infinito. Suprema falta. Falta sentido.
Palavra inexata. Em mim naufraga.
Devora o céu de minha boca – gosto de coisa alguma. Regurgito.
Atiro ao infinito. Suprema falta. Falta sentido.
Em queda livre, as palavras
Liberto.
(Elora Rafaela)
Post Scriptum:
Sonhe.Sempre
Imaginado por ॐ Elora Rafaela ॐ 1 sonhando...
12.6.07
12 de junho
●๋•Ao, ainda, desconhecido:
E até que chegue o dia, a hora e teu olhar,
Espero. Vestida de tua espera, reescrita em tua poesia, desperta,
Tecendo em tua ausência, tua desconhecida ciência,
aquela que meus sonhos, constantemente,
regenera.
(Elora Rafaela)
:.:.Ao som de : Amor, meu grande amor
(Composição: Angela Ro Ro e Ana Terra - na voz de: Barão Vermelho)
Post Scriptum:
Sonhe.Sempre
Sonhe.Sempre
Imaginado por ॐ Elora Rafaela ॐ 2 sonhando...
24.5.07
Alforria
Vestiu-se de tudo aquilo que alimentara durante anos.
De adorno a mais, somente o brilho dos olhos, inevitavelmente cintilantes - reflexo diverso daqueles outros, d’outros tempos d’água.
Suspirou fortemente, como que para romper com a censura daquele silêncio há tanto tempo proclamado.
Admirou-se, mais uma vez, de tudo o que via.
Mais ainda do que sentia.
Reconhecia-se, finalmente, ela – e só.
E aquela, a liberdade por tanto tempo apenas sonhada, agora, tomava-lhe em explosões.
Invadia-lhe.
Profundamente.
Percorria-lhe as veias rompendo histórias,
Inaugurando horizontes,
Redescobrindo naquele, outros suspiros.
Julgava-se, enfim, inocente de suas horas
Restaurava em si a desconhecida que, agora,
Não mais estava disposta em deixar, no tempo, se perder.
De adorno a mais, somente o brilho dos olhos, inevitavelmente cintilantes - reflexo diverso daqueles outros, d’outros tempos d’água.
Suspirou fortemente, como que para romper com a censura daquele silêncio há tanto tempo proclamado.
Admirou-se, mais uma vez, de tudo o que via.
Mais ainda do que sentia.
Reconhecia-se, finalmente, ela – e só.
E aquela, a liberdade por tanto tempo apenas sonhada, agora, tomava-lhe em explosões.
Invadia-lhe.
Profundamente.
Percorria-lhe as veias rompendo histórias,
Inaugurando horizontes,
Redescobrindo naquele, outros suspiros.
Julgava-se, enfim, inocente de suas horas
Restaurava em si a desconhecida que, agora,
Não mais estava disposta em deixar, no tempo, se perder.
(Elora Rafaela)
Post Scriptum:
Sonhe.Sempre
Imaginado por ॐ Elora Rafaela ॐ 4 sonhando...
20.5.07
Panapaná
Em sinuosa desarmonia
Dançam as borboletas.
Asas e cores.
Leveza e dessincronia, nessa agonia
brincam em rodízio,
do estômago
brincam em rodízio,
do estômago
ao céu.
Recriam flores,
despertam rubores...
Rodopiam ansiosas, as borboletas.
Milhares delas.
Dentro de mim.
(Elora Rafaela)
Post Scriptum:
Sonhe.Sempre
Sonhe.Sempre
Imaginado por ॐ Elora Rafaela ॐ
18.5.07
Ad eternum
Guardavam dentro de si a certeza de um reencontro.
O tempo era outro. A razão, talvez, outras razões seguisse.
Eram crianças naquela estória só há tão pouco nascida.
Eram nuvens que tão facilmente dissipavam-se, bastasse um arremedo de sol...
O silêncio do que não se esperava, eles eram.
O tempo era outro. A razão, talvez, outras razões seguisse.
Eram crianças naquela estória só há tão pouco nascida.
Eram nuvens que tão facilmente dissipavam-se, bastasse um arremedo de sol...
O silêncio do que não se esperava, eles eram.
Desejavam-se.
Haviam secretamente escolhido aquele compromisso,
De afeto e de estrelas,
De ouro e de sonhos,
De amor em oblação.
Amaram-se. Bem mais que o tempo e as palavras acordadas.
A delicadeza da eterna espera, viveram.
(Elora Rafaela)
Post Scriptum:
Sonhe.Sempre
Imaginado por ॐ Elora Rafaela ॐ 0 sonhando...
8.5.07
De Tudo o que se Perde
Por tanto tempo alimentou-se de saudade. E só.
À ela bastava a lembrança de um tempo bom. Embora à noite, a culpa pelo fim lhe rondasse, como que para privá-la dos carinhos dos sonhos que desejava ter...
Desde há muito não recebia notícias. Não fugia delas, é bem verdade, mas aquela falta de sinais dotavam-lhe do que, julgava, ser a superação de tudo o que havia ocorrido.
Pensava haver inaugurado um novo tempo em sua vida. Tinha certeza disso até aquele telefonema: uma frase solta no meio de várias, e em nada prestou mais atenção; seu coração saltara descompassado. Uma notícia que não esperava. Seu passado lhe voltava em tormentas internas - uma chaga aberta no meio do peito. E o estômago lotado de borboletas em carrossel. Será?
Depois de tantos anos seria possível? Pensava ainda se poderia consertar tudo o que fizera, se poderia esquecer tudo o que escutara. Se havia uma chance, pensava ela, poderia tentar?
Não sabia o que era maior, se a euforia pela possibilidade de mais uma vez arriscar ou - ao avesso de si - a frustração de perceber que não mudara em nada tudo aquilo que um dia sentiu; sentia-se enganada por si, e não tinha bem certeza se não gostava disso.
Achou-se louca por construir tantos castelos em superfície tão frágil – sequer tinha o direito de conjecturar! Então continha-se. Por um segundo. E depois, voltava às torres a levantar...
Alguns outros segundos e, estava decidida, ia se posicionar. Estava certa de que sua hora era aquela, finalmente, e agradecia à Deus pelo que aprendera, apesar de tudo.
Um minuto depois já havia desistido; e, no minuto seguinte, retomado à estratégia n’outrora traçada.
Fez-se de minutos.
Desfez-se em cada um deles...
Foi quando o celular tocou e o nome não esperado, ou melhor, mais que esperado, revelou-se na tela.
Era ele.
Pensou em tudo e em nada. Nada sabia do que dizer.
Pensou ainda em não atender, mas não se perdoaria. Todo aquele tempo de espera e de noites mal dormidas resolver-se-ia ali, ou pelo menos, seria o primeiro passo.
Sentiu a boca seca, a mão inerte, o corpo entorpecido: era hora, não podia esperar, até que...
Acordou.
Outra noite, em que desejos e expectativas a torturaram...
À ela bastava a lembrança de um tempo bom. Embora à noite, a culpa pelo fim lhe rondasse, como que para privá-la dos carinhos dos sonhos que desejava ter...
Desde há muito não recebia notícias. Não fugia delas, é bem verdade, mas aquela falta de sinais dotavam-lhe do que, julgava, ser a superação de tudo o que havia ocorrido.
Pensava haver inaugurado um novo tempo em sua vida. Tinha certeza disso até aquele telefonema: uma frase solta no meio de várias, e em nada prestou mais atenção; seu coração saltara descompassado. Uma notícia que não esperava. Seu passado lhe voltava em tormentas internas - uma chaga aberta no meio do peito. E o estômago lotado de borboletas em carrossel. Será?
Depois de tantos anos seria possível? Pensava ainda se poderia consertar tudo o que fizera, se poderia esquecer tudo o que escutara. Se havia uma chance, pensava ela, poderia tentar?
Não sabia o que era maior, se a euforia pela possibilidade de mais uma vez arriscar ou - ao avesso de si - a frustração de perceber que não mudara em nada tudo aquilo que um dia sentiu; sentia-se enganada por si, e não tinha bem certeza se não gostava disso.
Achou-se louca por construir tantos castelos em superfície tão frágil – sequer tinha o direito de conjecturar! Então continha-se. Por um segundo. E depois, voltava às torres a levantar...
Alguns outros segundos e, estava decidida, ia se posicionar. Estava certa de que sua hora era aquela, finalmente, e agradecia à Deus pelo que aprendera, apesar de tudo.
Um minuto depois já havia desistido; e, no minuto seguinte, retomado à estratégia n’outrora traçada.
Fez-se de minutos.
Desfez-se em cada um deles...
Foi quando o celular tocou e o nome não esperado, ou melhor, mais que esperado, revelou-se na tela.
Era ele.
Pensou em tudo e em nada. Nada sabia do que dizer.
Pensou ainda em não atender, mas não se perdoaria. Todo aquele tempo de espera e de noites mal dormidas resolver-se-ia ali, ou pelo menos, seria o primeiro passo.
Sentiu a boca seca, a mão inerte, o corpo entorpecido: era hora, não podia esperar, até que...
Acordou.
Outra noite, em que desejos e expectativas a torturaram...
Outro sonho que, como a realidade – evanescente - ensaiava suas horas no mesmo lugar.
(Elora Rafaela)
Post Scriptum:
Sonhe.Sempre
Sonhe.Sempre
Imaginado por ॐ Elora Rafaela ॐ 2 sonhando...
6.5.07
Das Cinzas
E naquele instante desprendiam-se as mãos, as horas, o tudo.
O nada havia.
Inerte, eu consentia.
Incomodava-me de mim, ali, observando
sem saber qual sonho, agora escudo,
seria preciso, das cinzas, soerguer.
O caminho não mais existia ou, se existia, conduzia a lugar nenhum.
Parte de mim perdia o que um dia quisera, e o resto, o que eu ainda era,
desejava, ainda, se perder.
(Elora Rafaela)
Post Scriptum:
Sonhe.Sempre
Imaginado por ॐ Elora Rafaela ॐ 0 sonhando...
Sobre as Cartas (em drops)
Das cartas que fez, guarda ainda a entonação
Feito canção, repete as notas do que se foi:
até que se acerte o refrão, ou
das palavras não ditas, se o reinvente.
(Elora Rafaela)
Post Scriptum:
Sonhe.Sempre
Imaginado por ॐ Elora Rafaela ॐ 0 sonhando...
25.4.07
Exercício I – Das Nuvens
●๋• Lembrança de uma infância que já não se vive mais...
São pedaços de nuvens em caixinhas,
Brancos brincos na caatinga,
Densa trama em capulho, suaviza e recria
Em moldura quimérica, a alma do sertão.
(Elora Rafaela)
Post Scriptum:
Sonhe.Sempre
Sonhe.Sempre
Imaginado por ॐ Elora Rafaela ॐ 2 sonhando...
22.4.07
19.4.07
Novo Lar
O que um dia foi cintilância, hoje, é utopia...
Entre e fique à vontade... a casa não é sua, mas o sonho, é todo seu...
Post Scriptum:
Sonhe. Sempre
Sonhe. Sempre
Imaginado por ॐ Elora Rafaela ॐ 1 sonhando...
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